No
último artigo comecei a abordar o fato de que o grande problema
educacional que encontramos não é gerado meramente por questões
organizacionais, pedagógicas ou materiais. Na realidade, estamos em
uma crise mundial em termos educacionais que já vem de séculos e é
orquestrada por algo muito profundo que chamei de “Gênio
do Mal”. Caso você não
tenha lido o texto no qual introduzi esse conceito, talvez seja
melhor dar uma olhadinha nele (aqui)
antes de continuar, ou poderá haver equívocos e mal-entendidos
sobre o que irei escrever hoje...
Preciso
esclarecer dois pontos essenciais com relação à minha afirmação
de que a ação do Gênio do Mal nos leva a supervalorizar o
intelecto em detrimento do coração. Passarei pelo primeiro ponto de
forma rápida, mas esmiuçarei mais o segundo pois creio ser
naturalmente o próximo passo em nossa discussão.
Então,
primeiramente, quero deixar muito claro que, de forma
alguma, estou desconsiderando, rejeitando ou desvalorizando a
importância do nosso raciocínio e capacidade intelectual.
Eu sei que é imperativo entendermos um mundo ao nosso redor e, mais
importante que isso, entendermos nós mesmos, e isso é um trabalho
TAMBÉM intelectual. Portanto, não poderia desprezar o
desenvolvimento de nosso intelecto. Pelo contrário,
valorizo tanto esse aspecto de nosso ser que desejo que ele permaneça
dentro da esfera que lhe é própria, sem abusos.
O que ocorre hoje é que, por conta do desequilíbrio intencional que
vivemos, o que sabemos é tão enfatizado que nosso intelecto é
esticado e deformado de forma abusiva.
Agora,
passando para o segundo ponto, gostaria de trabalhar muito bem o
conceito de “coração”.
Afinal, enfatizei bastante esse elemento no último texto e, sendo
ele tão importante, não pode ser mal entendido. Desta feita,
iniciemos a conversa...
Quando
me refiro ao “coração” da criança – ou de qualquer outro ser
humano –, não estou utilizando essa palavra conforme o senso
comum, ou seja, no sentido restrito de sentimentos e/ou emoções –
com certeza, isso culminaria na clássica dicotomia “Intelecto
Vs. Emoções” ou
“Cabeça Vs. Coração”,
que não é o caso. Quando uso o termo “coração”, me refiro ao
centro da psiquê humana, o cerne da alma do homem.
Talvez isso pareça vago ou confuso para vários, mas me permitam
deixar mais claro. Para tanto, vou me utilizar de um esquema que
divide e analisa o ser humano conforme os vários elementos e
aspectos que o formam.
Corpo
– primeiramente, todos temos
um corpo, ou seja, nosso ser material,
físico.
O corpo é nossa parte visível
e que, mais diretamente, age,
interage
e modifica
o mundo ao nosso redor. Nosso corpo é dividido em diversas partes
funcionais e possui vários sentidos – dentre eles, os mais
conhecidos são: visão, tato, audição, olfato e paladar.
Alma
– nossa psiquê, ou alma, é
imaterial
e não é visível,
mas é tão real quanto o corpo. Na minha visão, a alma humana é
dividida em três aspectos básicos: o intelecto,
a vontade
e o sentimento.
Esses aspectos se subdividem em vários outros, tais como: memória,
raciocínios, emoções, desejos, etc. Em geral, é nossa alma que
determina as ações do corpo.
Espírito
– o corpo e a alma são
universalmente aceitos como elementos reais e constituintes do ser
humano. Entretanto, alguns creem na existência de um terceiro
elemento que, aqui, chamaremos de “espírito”. Os que acreditam
nesse aspecto do ser humano afirmam que é uma parte de nosso ser que
transcende o corpo e a
alma, atingindo uma
dimensão que não é física nem psíquica. Alguns consideram a alma
e o espírito uma única coisa, enquanto outros traçam uma separação
entre esses dois elementos. Não entrarei no mérito dessa discussão,
deixando o julgamento desse aspecto para quem cada um.
Meu objetivo não é discutir se essa é a melhor categorização dos
elementos que constituem o ser humano, nem defender esse modelo como
único. O que desejo é, apenas, usar essa divisão para, de forma
didática, facilitar a compreensão de alguns termos e problematizar
algumas questões pertinentes ao nosso debate.
Então,
voltando ao coração...
Quando
utilizo esse termo estou, em primeiro lugar, falando de algo
relacionado à alma/psiquê.
Entretanto, não considero o coração algo superficial como os
elementos periféricos da alma (intelecto, vontade e sentimento), mas
o considero como o âmago do nosso ser psíquico.
Esse é um conceito bastante profundo e pode parecer abstrato demais,
mas me esforçarei para montar uma imagem nítida do que estou
tentando dizer. Creio que a melhor figura para isso seria
comparar nossa alma como um rio.
Esse rio pode ser forte e rápido, ou calmo e profundo, dependendo da
geografia. Entretanto, apesar das características peculiares, todo
rio possui uma nascente, um local onde a água brota do solo,
determinando por onde o rio passará e como ele será. Para mim, o
coração é a “nascente” da nossa alma,
o “olho d'água”
que, não somente faz brotar a água, mas determina a “qualidade
da água”, a direção
que ela tomará e o caminho
pelo qual ela terá que passar para chegar ao seu objetivo.
Seguindo
essa analogia, podemos
afirmar que uma nascente
pura, limpa e livre irá
produzir uma água límpida e cristalina. Aos poucos, conforme passa
por seu caminho natural, esse pequeno córrego vai coletando água de
outras fontes e vai tomando forma de rio. Alguns quilômetros à
frente da nascente já temos um grande e majestoso rio que continuará
correndo até seu objetivo, o mar. Durante todo esse percurso não há
como saber o número de benefícios que esse rio poderá trazer para
os seres humanos que o encontrarem. Como disse antes, há rios
diferentes, com características diferentes, mas todos começam com
aquela pequena nascente – o coração
do rio.
Entretanto,
essa analogia tão bonita também carrega a possibilidade de se
tornar um pesadelo, caso consideremos o maltrato com a
nascente/coração. Pense em uma nascente contaminada
com lixo ou produtos
tóxicos... Ela irá
contaminar todo o rio. Ou em
uma nascente bloqueada com
entulho, pedras ou galhos... Ela irá
produzir um rio pequeno e fraco – se
é que chegará a ser um rio.
E em
uma nascente “fechada” para ser usada por uma pessoa ou grupo de
pessoas... Ela
não irá produzir um rio que corre livremente, mas terá suas águas
canalizadas para o propósito específico de suprir as necessidades
de alguém e estará
completamente escravizada pelos desejos e anseios de outro.
Caso você não esteja entendendo onde quero chegar, leia
novamente o parágrafo anterior substituindo “nascente” por
“coração”, “rio” por alma, etc. Creio que ficará muito
claro.
Quando falo em “educar o coração”, me refiro a
oferecermos a nossas crianças – e a nós mesmos – um tipo de
instrução que irá proteger, fortalecer e, eventualmente, limpar o
coração. Sendo que esse coração é o cerne da alma humana e dele
procedem os primórdios do raciocínio, das escolhas e dos
sentimentos (bem como seus desdobramentos), ao realizarmos a proteção
e manutenção dessa nascente garantimos o estado ideal para que as
águas tomem seu curso natural e se transformem em rio, ou seja, a
criança irá, de forma natural e agradável, aprender o que ainda
não sabe (construindo o conhecimento por conta própria ou
aproveitando as experiências/conhecimentos de outros), identificar
suas aptidões e deficiências, lidar com essas informações de
forma adequada, dividir suas competências e, assim, ser o melhor ser
humano que puder.
O
papel do educador não é tão complexo quanto geralmente se pensa,
pois, na realidade, consiste em cuidar do coração do educando,
fazendo o que for necessário para isso.
Entretanto, o Gênio do Mal tem outro plano para os nossos corações
– e de nossos filhos. Ele, literalmente, busca criar os três tipos
de problemas que citei para que a pseudo-educação nos leve,
justamente, na direção oposta à que deveria ir. Ele contamina
nossos corações com ideias, conceitos e valores errados que se
alastram por nossas almas e contaminam nossa forma de pensar, nossos
sentimentos e, até, nossa vontade. Ele também sobrecarrega
nossos corações com preocupações, pressupostos e trabalhos
desnecessárias, nos esmagando e atacando nossa identidade até o
ponto de nosso coração estar soterrado e nossa alma ser fraca e
pequena. Por fim, nosso coração é aprisionado por
uma cosmovisão maligna que conduz nossa alma (pensamentos, vontades
e sentimentos) para onde o Gênio do Mal bem entender, diminuindo
nossa humanidade e nos usando para os seus propósitos.
Posso estar parecendo um profeta apocalíptico (e talvez eu seja
mesmo!), mas não estou inventando nada disso... Qualquer um com o
mínimo de discernimento pode observar nosso mundo e constatar que é
exatamente isso. Ou você não concorda?
Um
dos objetivos do Gênio do Mal é eliminar nossa humanidade através
de atacar nosso coração e nos tornar gado.
Sei que isso vai ser forte para a maioria das pessoas, mas o
Gênio do Mal trabalha para que deixemos de ser humanos e nos
tornemos gado.
Por que ele quer mais gado do que homens? Bem... Isso é fácil de
responder, afinal, o gado possui três funções principais:
- Se tornar alimento/matéria-prima;
- Ser usado como força de trabalho; e
- Ser oferecido como sacrifício.
Pretendo expandir esses aspectos na próxima postagem e deixar o
quadro ainda mais assustador. Entretanto, creio que já há o
suficiente aqui para uma semana de reflexão. Portanto, gostaria de
encerrar com esse alerta e esse sentimento de urgência:
ENQUANTO
VOCÊ CONTAMINA, ENTERRA E ENJAULA O CORAÇÃO DE SEU FILHO PRA ELE
“APRENDER O QUE PRECISA”, VOCÊ ESTÁ
TIRANDO A HUMANIDADE DELE E TORNANDO ELE GADO.
E, COMO GADO, ELE VAI SER USADO PELO GÊNIO DO MAL COMO ALIMENTO,
FORÇA DE TRABALHO E SACRIFÍCIO.
É ISSO QUE VOCÊ QUER? POIS É MUITO PROVÁVEL QUE ESTEJA
ACONTECENDO E VOCÊ NEM ESTÁ NOTANDO, POIS O TEU CORAÇÃO JÁ FOI
“EDUCADO” A CONSIDERAR ISSO NORMAL E NATURAL. PENSE BEM
NISSO!!!
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