terça-feira, 3 de junho de 2014

A Nascente da Alma


No último artigo comecei a abordar o fato de que o grande problema educacional que encontramos não é gerado meramente por questões organizacionais, pedagógicas ou materiais. Na realidade, estamos em uma crise mundial em termos educacionais que já vem de séculos e é orquestrada por algo muito profundo que chamei de “Gênio do Mal”. Caso você não tenha lido o texto no qual introduzi esse conceito, talvez seja melhor dar uma olhadinha nele (aqui) antes de continuar, ou poderá haver equívocos e mal-entendidos sobre o que irei escrever hoje...
Preciso esclarecer dois pontos essenciais com relação à minha afirmação de que a ação do Gênio do Mal nos leva a supervalorizar o intelecto em detrimento do coração. Passarei pelo primeiro ponto de forma rápida, mas esmiuçarei mais o segundo pois creio ser naturalmente o próximo passo em nossa discussão.
Então, primeiramente, quero deixar muito claro que, de forma alguma, estou desconsiderando, rejeitando ou desvalorizando a importância do nosso raciocínio e capacidade intelectual. Eu sei que é imperativo entendermos um mundo ao nosso redor e, mais importante que isso, entendermos nós mesmos, e isso é um trabalho TAMBÉM intelectual. Portanto, não poderia desprezar o desenvolvimento de nosso intelecto. Pelo contrário, valorizo tanto esse aspecto de nosso ser que desejo que ele permaneça dentro da esfera que lhe é própria, sem abusos. O que ocorre hoje é que, por conta do desequilíbrio intencional que vivemos, o que sabemos é tão enfatizado que nosso intelecto é esticado e deformado de forma abusiva.
Agora, passando para o segundo ponto, gostaria de trabalhar muito bem o conceito de “coração”. Afinal, enfatizei bastante esse elemento no último texto e, sendo ele tão importante, não pode ser mal entendido. Desta feita, iniciemos a conversa...
Quando me refiro ao “coração” da criança – ou de qualquer outro ser humano –, não estou utilizando essa palavra conforme o senso comum, ou seja, no sentido restrito de sentimentos e/ou emoções – com certeza, isso culminaria na clássica dicotomia “Intelecto Vs. Emoções” ou “Cabeça Vs. Coração”, que não é o caso. Quando uso o termo “coração”, me refiro ao centro da psiquê humana, o cerne da alma do homem. Talvez isso pareça vago ou confuso para vários, mas me permitam deixar mais claro. Para tanto, vou me utilizar de um esquema que divide e analisa o ser humano conforme os vários elementos e aspectos que o formam.
Corpo – primeiramente, todos temos um corpo, ou seja, nosso ser material, físico. O corpo é nossa parte visível e que, mais diretamente, age, interage e modifica o mundo ao nosso redor. Nosso corpo é dividido em diversas partes funcionais e possui vários sentidos – dentre eles, os mais conhecidos são: visão, tato, audição, olfato e paladar.
Alma – nossa psiquê, ou alma, é imaterial e não é visível, mas é tão real quanto o corpo. Na minha visão, a alma humana é dividida em três aspectos básicos: o intelecto, a vontade e o sentimento. Esses aspectos se subdividem em vários outros, tais como: memória, raciocínios, emoções, desejos, etc. Em geral, é nossa alma que determina as ações do corpo.
Espírito – o corpo e a alma são universalmente aceitos como elementos reais e constituintes do ser humano. Entretanto, alguns creem na existência de um terceiro elemento que, aqui, chamaremos de “espírito”. Os que acreditam nesse aspecto do ser humano afirmam que é uma parte de nosso ser que transcende o corpo e a alma, atingindo uma dimensão que não é física nem psíquica. Alguns consideram a alma e o espírito uma única coisa, enquanto outros traçam uma separação entre esses dois elementos. Não entrarei no mérito dessa discussão, deixando o julgamento desse aspecto para quem cada um.
Meu objetivo não é discutir se essa é a melhor categorização dos elementos que constituem o ser humano, nem defender esse modelo como único. O que desejo é, apenas, usar essa divisão para, de forma didática, facilitar a compreensão de alguns termos e problematizar algumas questões pertinentes ao nosso debate.
Então, voltando ao coração...
Quando utilizo esse termo estou, em primeiro lugar, falando de algo relacionado à alma/psiquê. Entretanto, não considero o coração algo superficial como os elementos periféricos da alma (intelecto, vontade e sentimento), mas o considero como o âmago do nosso ser psíquico. Esse é um conceito bastante profundo e pode parecer abstrato demais, mas me esforçarei para montar uma imagem nítida do que estou tentando dizer. Creio que a melhor figura para isso seria comparar nossa alma como um rio. Esse rio pode ser forte e rápido, ou calmo e profundo, dependendo da geografia. Entretanto, apesar das características peculiares, todo rio possui uma nascente, um local onde a água brota do solo, determinando por onde o rio passará e como ele será. Para mim, o coração é a “nascente” da nossa alma, o “olho d'água” que, não somente faz brotar a água, mas determina a “qualidade da água”, a direção que ela tomará e o caminho pelo qual ela terá que passar para chegar ao seu objetivo.
Seguindo essa analogia, podemos afirmar que uma nascente pura, limpa e livre irá produzir uma água límpida e cristalina. Aos poucos, conforme passa por seu caminho natural, esse pequeno córrego vai coletando água de outras fontes e vai tomando forma de rio. Alguns quilômetros à frente da nascente já temos um grande e majestoso rio que continuará correndo até seu objetivo, o mar. Durante todo esse percurso não há como saber o número de benefícios que esse rio poderá trazer para os seres humanos que o encontrarem. Como disse antes, há rios diferentes, com características diferentes, mas todos começam com aquela pequena nascente – o coração do rio.
Entretanto, essa analogia tão bonita também carrega a possibilidade de se tornar um pesadelo, caso consideremos o maltrato com a nascente/coração. Pense em uma nascente contaminada com lixo ou produtos tóxicos... Ela irá contaminar todo o rio. Ou em uma nascente bloqueada com entulho, pedras ou galhos... Ela irá produzir um rio pequeno e fraco – se é que chegará a ser um rio. E em uma nascente “fechada” para ser usada por uma pessoa ou grupo de pessoas... Ela não irá produzir um rio que corre livremente, mas terá suas águas canalizadas para o propósito específico de suprir as necessidades de alguém e estará completamente escravizada pelos desejos e anseios de outro.
Caso você não esteja entendendo onde quero chegar, leia novamente o parágrafo anterior substituindo “nascente” por “coração”, “rio” por alma, etc. Creio que ficará muito claro.
Quando falo em “educar o coração”, me refiro a oferecermos a nossas crianças – e a nós mesmos – um tipo de instrução que irá proteger, fortalecer e, eventualmente, limpar o coração. Sendo que esse coração é o cerne da alma humana e dele procedem os primórdios do raciocínio, das escolhas e dos sentimentos (bem como seus desdobramentos), ao realizarmos a proteção e manutenção dessa nascente garantimos o estado ideal para que as águas tomem seu curso natural e se transformem em rio, ou seja, a criança irá, de forma natural e agradável, aprender o que ainda não sabe (construindo o conhecimento por conta própria ou aproveitando as experiências/conhecimentos de outros), identificar suas aptidões e deficiências, lidar com essas informações de forma adequada, dividir suas competências e, assim, ser o melhor ser humano que puder.
O papel do educador não é tão complexo quanto geralmente se pensa, pois, na realidade, consiste em cuidar do coração do educando, fazendo o que for necessário para isso.
Entretanto, o Gênio do Mal tem outro plano para os nossos corações – e de nossos filhos. Ele, literalmente, busca criar os três tipos de problemas que citei para que a pseudo-educação nos leve, justamente, na direção oposta à que deveria ir. Ele contamina nossos corações com ideias, conceitos e valores errados que se alastram por nossas almas e contaminam nossa forma de pensar, nossos sentimentos e, até, nossa vontade. Ele também sobrecarrega nossos corações com preocupações, pressupostos e trabalhos desnecessárias, nos esmagando e atacando nossa identidade até o ponto de nosso coração estar soterrado e nossa alma ser fraca e pequena. Por fim, nosso coração é aprisionado por uma cosmovisão maligna que conduz nossa alma (pensamentos, vontades e sentimentos) para onde o Gênio do Mal bem entender, diminuindo nossa humanidade e nos usando para os seus propósitos.
Posso estar parecendo um profeta apocalíptico (e talvez eu seja mesmo!), mas não estou inventando nada disso... Qualquer um com o mínimo de discernimento pode observar nosso mundo e constatar que é exatamente isso. Ou você não concorda?
Um dos objetivos do Gênio do Mal é eliminar nossa humanidade através de atacar nosso coração e nos tornar gado. Sei que isso vai ser forte para a maioria das pessoas, mas o Gênio do Mal trabalha para que deixemos de ser humanos e nos tornemos gado.
Por que ele quer mais gado do que homens? Bem... Isso é fácil de responder, afinal, o gado possui três funções principais:

  1. Se tornar alimento/matéria-prima;
  2. Ser usado como força de trabalho; e
  3. Ser oferecido como sacrifício.
Pretendo expandir esses aspectos na próxima postagem e deixar o quadro ainda mais assustador. Entretanto, creio que já há o suficiente aqui para uma semana de reflexão. Portanto, gostaria de encerrar com esse alerta e esse sentimento de urgência:

ENQUANTO VOCÊ CONTAMINA, ENTERRA E ENJAULA O CORAÇÃO DE SEU FILHO PRA ELE “APRENDER O QUE PRECISA”, VOCÊ ESTÁ TIRANDO A HUMANIDADE DELE E TORNANDO ELE GADO. E, COMO GADO, ELE VAI SER USADO PELO GÊNIO DO MAL COMO ALIMENTO, FORÇA DE TRABALHO E SACRIFÍCIO. É ISSO QUE VOCÊ QUER? POIS É MUITO PROVÁVEL QUE ESTEJA ACONTECENDO E VOCÊ NEM ESTÁ NOTANDO, POIS O TEU CORAÇÃO JÁ FOI “EDUCADO” A CONSIDERAR ISSO NORMAL E NATURAL. PENSE BEM NISSO!!!

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