O objetivo da pesquisa relatada nas últimas postagens foi dar uma resposta satisfatória à questão “Quais são os principais entraves e as vantagens em relação à implantação do ensino domiciliar no Brasil?”. Portanto, diante dos dados coletados e das análises realizadas, acredita-se que a resposta objetivada foi alcançada.
Ao explicitá-la, optou-se por apresentar as conclusões da presente pesquisa através das respostas encontradas para as questões de pesquisa delimitadas quando da elaboração do projeto que culminou com o presente trabalho.
Com relação à primeira questão, considera-se que a educação domiciliar consiste, caracteristicamente, em uma modalidade de educação que não contempla o espaço escolar, realizando suas atividades na residência do próprio aluno (ou em outros espaços alternativos), sendo os pais deste os agentes idealizadores, mantenedores e direcionadores do processo de ensino-aprendizagem.
Quanto à segunda questão de pesquisa, a legislação brasileira não apresenta qualquer impedimento à implantação da modalidade domiciliar de educação. Entretanto, não possui qualquer regulamentação relativa a esse tipo de ensino, o que impediria qualquer cidadão de receber certificação por ter completado seus estudos através do ensino em casa.
Respondendo ao terceiro questionamento norteador, constatou-se, também, que fora do Brasil desde a década de 70 vem sendo realizadas pesquisas no campo pedagógico que dão consistência teórica aos argumentos daqueles que defendem o homeschooling. Autores (como John Holt) têm se dedicado a embasar de forma consistente as práticas domiciliares de educação em países como EUA e Japão. Entretanto, há de se ressaltar que tais estudos não têm contemplado a realidade brasileira. Dessa forma, apesar da produção científica estrangeira, percebe-se a carência de embasamento teórico para a aplicação da modalidade no Brasil.
Por fim, contemplando a última questão de pesquisa, foi perceptível que os benefícios levantados pelos simpatizantes da educação domiciliar são corroborados pelas experiência práticas pesquisadas. Afinal, a flexibilidade do ensino, a proximidade dos pais, a autonomia no aprendizado e o maior controle dos conteúdos apresentados (dentre outras vantagens apontados) foram constatados, tanto nas respostas dos ex-alunos domiciliares submetidos a questionário, quanto na experiência de educação domiciliar acompanhada pelo autor desta pesquisa.
Dessa forma, responde-se ao problema de pesquisa afirmando que os principais entraves para a implantação da educação domiciliar no Brasil são: a falta de certificação da instrução por parte do Estado; a demanda por um currículo e material didático adequados às exigências da modalidade; e a necessidade de um cuidado maior com a socialização dos filhos-alunos. Enquanto as principais vantagens são: maiores possibilidades de adaptação ao contexto; melhor atendimento das necessidades do aluno; maior contato com os familiares; e um maior desenvolvimento da autonomia intelectual e da atitude pesquisadora.
Diante disso, conclui-se que a educação domiciliar pode ser aplicada no Brasil, demandando, todavia, um esforço da comunidade científica na direção de propiciar aporte teórico adequado para a prática, bem como do Estado em regulamentar a forma mais adequada de incorporar essa modalidade às possibilidades de instrução oficial, permitindo o reconhecimento e a certificação para quem tenha optado por ela.
Apesar de se considerar as respostas encontradas satisfatórias, ressalta-se que a presente pesquisa buscou, como o próprio título denuncia, um estudo geral sobre o tema em questão, contemplando o assunto em termos de amplitude, e não de profundidade. Dessa forma, sugere-se pesquisas posteriores direcionadas para as questões mais específicas do tema, como: o desenvolvimento de um currículo específico; a produção de material didático adequada; as possibilidades de criação de uma instituição educacional reguladora das práticas de ensino domiciliar; formas de avaliação da aprendizagem dos filhos-alunos; capacitação para os pais-mestres; possibilidades de acompanhamento pedagógico por parte de profissionais formados em nível superior; dentre outros.
Por fim, espera-se que a presente pesquisa tenha esclarecido diversas questões concernentes ao assunto, dando uma visão geral sobre o tema e despertando o interesse de outros pesquisadores no sentido de dispensar esforços na elaboração de outros trabalhos que contemplem a temática. Permitindo, assim, a inclusão do Brasil nessa discussão atual e que vem permeando pesquisas em vários países.
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