A educação no Brasil apresenta sérias limitações. Porém, mesmo em uma realidade diferente na qual as instituições escolares oferecessem uma instrução formal 100% adequada e funcional, os pais deveriam ter o direito de escolher a modalidade de ensino para seus filhos.
É interessante que quando uma empresa ou produto controla com exclusividade um setor do mercado isso é chamado de monopólio, mas esse mesmo pensamento parece não ser aplicável à educação quando a situação posta apresenta a escola como única possibilidade para instruir formalmente um sujeito.
Mas deixando essa questão do direito para outra oportunidade, e voltando ao tema deste artigo...
Como já explanei no artigo "O argumento Fala Vs. Escrita", uma criança aprende a falar - processo este que poderia ser considerado um dos mais complexos a ser apreendido - com naturalidade por estar incluso em um ambiente falante. Essa familiaridade com a fala, essa imersão em um ambiente em que, naturalmente, se está falando, em que a fala surge como uma necessidade para a sobrevivência do ser, bem como para suas relações sociais e até para seu autoconhecimento, faz com que o sujeitinho se desenvolva e aprenda (ou aprenda e se desenvolva...). Nessa mesma linha de raciocínio, poderíamos deduzir que qualquer conhecimento inserido na realidade da criança, em seu dia-a-dia, será apreendido com mais rapidez e facilidade.
Neste sentido podemos perceber que a educação escolar temos um grande problema: como boa parte do que ali é ensinado não é aplicado ou mesmo visualizado no quotidiano da criança, esses conhecimentos, a princípio, parecem não ter sentido fora da escola. Porém, se os mesmos conhecimentos forem apresentados no lar do sujeito como algo comum, algo que faz parte da vida, algo necessário e, até, divertido, poderão ser assimilados com tanta eficiência e naturalidade quanto a fala.
É claro que isso não é tarefa fácil, principalmente se considerarmos alguns conhecimentos específicos. Porém minha proposta é aplicar o princípio da naturalização do aprendizado especificamente ao próprio processo de assimilação e elaboração de conhecimentos. Explico: o que deve ser internalizado pela criança como algo natural, necessário e prazeroso não são os conhecimentos em si, mas o próprio ato de estudar, pesquisar, elaborar...
As pesquisas realizadas em países em que existe o homeschooling têm demonstrado que os sujeitos ensinados em casa apresentam um nível muito alto de autonomia, autodisciplina, autodidática e curiosidade científica. Por quê? Porque eles aprenderam a estuda da mesma forma que aprenderam a andar de bicicleta, nadar ou utilizar o controle remoto da televisão. Aprender faz parte da vida dessas pessoas da mesma forma que outra práticas corriqueiras.
Volto a dizer que esse princípio também poderia ser aplicado em uma instituição escolar adequada, porém, mesmo assim, o lar da criança tem vantagem, uma vez que o sujeito já está ali, e já está aprendendo ali, com regras que conhece e compreende (pelo menos em parte), com autoridades que reconhece e respeita. Enfim, com as adequações e formatações corretas, o ambiente familiar pode-se tornar o maior potencializador do processo de ensino-aprendizagem de um ser.
Mas ressalto que a família, naturalmente, não possui os aparatos necessários para a instrução elaborada da criança... O ambiente é propício, mas algumas questões precisam relevadas. Porém, deixemos esta discussão para um próximo artigo...
Uau, muito bom como a primeira parte...
ResponderExcluirParabéns.