Como
ficou
extremamente
claro
pela
detalhada
pesquisa
de
Wada
– apresentada
anteriormente
– ,
não
há
evidências
práticas
de
que
a
formação
acadêmica
apresente
correlação
direta
com
a
qualidade
do
professor
(caso
você
não
tenha
lido
a
primeira
parte
do
artigo,
clique
aqui).
Com
isso
não
estou
querendo
afirmar
que
a
formação
superior
não
possua
valor
– lembre-se:
quem
está
escrevendo
este
texto
é,
justamente,
graduado
em
Pedagogia.
Uma
pessoa
formada
pode
sim
ser
um
bom
professor,
mas
o
que
estamos
afirmando
é
que
o
diploma
em
si
não
garante
a
qualidade
do
profissional
– e
isso
não
se
aplica
somente
à
educação,
mas
a
todas
as
áreas
de
atuação
profissional.
Havendo
clareza
sobre
essa
questão,
não
a
abordarei
novamente
para
não
ser
redundante.
Dessa
forma,
nesta
segunda
parte
do
texto
procurarei
me
ater
a
um
outro
aspecto
da
discussão:
o
que
faz
dos
pais
bons
professores?
Afinal,
se
não
são
os
diplomas
e
cursos
acadêmicos
que
garantem
as
habilidades
necessárias
para
o
desenvolvimento
adequado
do
processo
de
ensino-aprendizagem,
o
que,
então,
pode
garantir
isso?
Bom...
esse
daria
um
ótimo
tema
para
dezenas
de
pesquisas,
monografias,
dissertações,
teses
e
livros,
e
poderia
gerar
um
aprofundamento
gigantesco
com
relação
às
habilidades
mais
elementares
relacionadas
a
ensinar
e
aprender.
Porém,
hoje,
não
pretendo
realizar
uma
revolução
epistemológica...
Apenas
gostaria
de
gerar
algumas
reflexões
sobre
a
relação
pais-educadores/filhos-educandos.
Então,
por
que
você crê que
pais
são
bons
professores?
Em
primeiro
lugar
porque
“ensinar”
é
um
processo
inerente
à
própria
condição
de
pai/mãe.
Sabendo
ou
não,
querendo
ou
não,
gostando
ou
não...
se
você
é
pai/mãe,
você
irá
ensinar
– ou
melhor,
já
está
ensinando.
Para
muitos,
essa
é
uma
verdade
que
passa
despercebida,
mas
que,
mesmo
assim,
não
deixa
de
ser
um
fato
da
natureza:
pais
são
pais
porque,
dentre
outras
coisas,
ensinam seus
filhos.
Mesmo
aqueles
que
não
são
adeptos
da
educação
domiciliar,
ainda que não percebam,
ensinam
seus
filhos
em
diversas
áreas
e
em
diversos
níveis.
Desde
a
adequação
da
rotina
do
bebê
aos
horários
para
comer,
dormir
e
se
higienizar
até
o
complexo
processo
de
aquisição
da
fala,
quem
está
ensinando
a
criança
são
os
pais.
De
fato,
ao
“criar”
seus
rebentos,
os
progenitores
estão
constantemente
analisando
a
situação,
avaliando
as
necessidades
da
criança
e
buscando
estratégias
para
facilitar
o
aprendizado
e
o
desenvolvimento
da
mesma.
Ora,
se
isso
não
é
a
síntese
do
processo
de
ensino-aprendizagem,
então
não
sei
o
que
é...
Com
efeito,
pais
não
podem
ser
professores....
ELES,
EFETIVAMENTE,
SÃO
PROFESSORES!
Volto
a
dizer:
ensinar
é
uma
habilidade
inerente
à
própria
condição
de
pai/mãe.
E
digo
mais:
a
habilidade
natural
dos pais de
ensinar
possui
uma
qualidade
superior
à
habilidade
de
ensinar
dos
profissionais
de
educação,
justamente,
por
ser
natural.
Ela
não
é
forjada
em
um
ambiente
artificial
e
“descolado”
da
realidade
educacional,
mas
vai
sendo
moldada
conforme
o
processo
educativo
vai
ocorrendo.
ISSO
É
EXCEPCIONAL!
Pare
por
um
momento
para
analisar
isso:
os
pais
não
estudam
durante
vários
anos
para
se
preparar
de
forma
aleatória
para
enfrentar
situações
educacionais
adversas,
mas
vão
sendo
formados
como
educadores
enquanto
enfrentam
o
próprio
processo
educacional;
eles
não
estudam
diversas
teorias
para
aprender
como,
talvez,
ensinar,
mas
aprendem
a
ensinar
ensinando!
Não
sei
se
estou
conseguindo
transmitir
de
forma
clara
o
quanto
essa
realidade
é
importante,
mas
posso
afirmar
com
certeza:
quando
começarmos
a
entender
um
pouco
dessa
verdade;
quando
tivermos
um
pequeno
vislumbre
do
quanto
estamos
errados
quanto
ao
processo
educativo;
quando
a
“ficha”
começar
a
“cair”
sobre
o
fato
de
que
o
melhor
educador
é
aquele
que
se
educa
a
educar
enquanto
está
educando,
então
nossos
olhos
começarão
a
se
abrir
para
o
que
realmente
é
o
aprendizado.
Quando
nossas
mentes e nossos corações
começarem
a
se
abrir
para
isso,
teremos
uma
revolução
epistemológica
– não
na
academia,
mas
em
nossas
próprias
vidas;
não
na
sala
de
aula
ou
nas
universidades,
mas
em nossas
cozinhas e salas
de
estar!
Bem...
deixando
esse
momento
de
exaltação
filosófica,
voltemos
aos
motivos
que
me
levam
a
crer
que
os
pais
são
bons
educadores...
Uma
outra
realidade
que
podemos
considerar
ao
pensar
nos pais enquanto professores está relacionada ao fato de que os
pais, mais do que qualquer outra pessoa, conhecem
seus filhos.
Eu
sei que há muita gente que irá descordar. Muitos levantarão a
bandeira de que boa parte dos pais, simplesmente, desconhece
elementos importantíssimos do “universo” de suas crianças. Em
alguns casos isso é verdade, mas, na maioria deles, isso é,
meramente, uma interpretação equivocada da realidade.
Como
assim?
Não
vou gastar muito tempo com isso, afinal, não é o objetivo deste
artigo... Mas, somente para fazê-los pensar, gostaria de dizer que,
em geral, quando uma criança ou adolescente se “abre” com algum
adulto ou jovem sobre coisas que não falaria para seus pais, há uma
tendência natural desse adulto/jovem julgar que esses pais não
conhecem o filho que tem e que ele mesmo conhece melhor essa
criança/adolescente do que os progenitores. Com efeito, além de uma
falácia óbvia, essa é uma interpretação baseada muito mais no
desejo soberbo de ser “mais que os pais” do que em uma análise
correta da realidade (espero não estar ofendendo ninguém).
Saber
que o adolescente tem o desejo de ser artista ao invés de advogado
(como seus pais querem) ou que ele já beijou uma menina não me faz
saber mais desse jovem do que seus pais. Afinal, eles estão com esse
sujeito desde seu nascimento! Eles sabem como ele chora quando se
machuca, sabem como reage quando está doente, sabem o que ele gosta
de comer, que tipo de filme lhe dá pesadelos, quais são seus
brinquedos favoritos... Com que direito eu posso afirmar que sei mais
sobre essa pessoa do que seus próprios pais?
Posso
sim conhecer detalhes de sua vida ou de sua personalidade que seus
pais não conhecem, mas isso não quer dizer que sei mais do que
eles...
Agora,
voltando à nossa discussão... Esse conhecimento amplo que os pais
têm de seus filhos – mesmo sem se dar conta disso – faz com que
sejam os melhores professores para eles, uma vez que lhes permite
adaptar o processo educativo às necessidades, anseios e
potencialidades do educando.
Melhor
do que qualquer profissional, um pai ou uma mãe pode analisar seu
filho para saber se está tendo uma certa dificuldade por conta de
limitação intelectual, estres, problema de saúde, abalo emocional
ou qualquer outra adversidade. Da mesma forma, esse profundo
conhecimento sobre o educando possibilita uma busca mais eficaz de
alguma solução para a limitação apresentada.
Se
conhecer o aluno é determinante para que um educador dirija uma
processo educativo eficiente – e, de fato, é – , os pais estão
no topo da lista como as pessoas mais aptas a serem os professores de
seus filhos.
Finalizando,
afirmo que pais
são bons
professores
por causa da
afetividade.
Salvo
em
algumas
situações
aberrantes,
os
pais
amam
seus
filhos.
E,
em
especial
na
educação
domiciliar,
percebemos
o
quanto
esse
amor
é expresso
de
forma
consistente
no
sacrifício
realizado
pelos
progenitores
ao
abdicar
de
muitas
coisas
para
investir
tempo
e
recursos
na
instrução
de
seus
próprios
filhos.
Quando
pais ensinam os filhos em casa, a preocupação com o aprendizado dos
educandos não está baseada meramente em uma relação passageira e
de caráter empregatício, mas em um relacionamento constante e
vitalício, fundamentado em laços afetivos muito apertados.
Pais
não ensinam seus filhos porque estão recebendo salário para isso,
nem porque vão ganhar algo em troca por realizar essa atividade. Na
verdade, em termos materiais, quem ensina em casa perde muito mais do
que ganha. Pais que ensinam em casa o fazem por amor aos seus filhos,
por se preocuparem com eles, por desejarem uma educação do mais
alto nível para seus rebentos.
Neste
sentido, podemos afirmar que pais-educadores não irão tratar com
descaso os problemas de aprendizado de seus filhos... É ridículo
imaginar que quem ensina em casa vai “passar” seu filho por dó
ou excesso de zelo, mesmo não havendo aprendizado. Pode-se-ia
esperar isso de uma relação na qual o interesse do mestre é
meramente comercial ou de troca de favores, mas não de um processo
no qual o interesse de ambas as partes é o mútuo desenvolvimento e
no qual o elemento que mantém todo o trabalho coeso é o amor e a
afetividade.
Ao
identificar a existência de um problema educacional, qualquer
pai-educador irá se dedicar ao máximo para compreender o que está
levando seu filho a não aprender ou aprender parcialmente. Da mesma
forma, irá em busca da melhor solução possível para resolver esse
entrave.
Talvez
o necessário para ajudar o filho seja uma mudança de estratégia,
adequação do material, revisão da rotina, intensificação dos
estudos, afrouxamento da carga horária... Mas, seja o que for, os
pais farão, não para engrossar as estatísticas educacionais, mas
para garantir o pleno desenvolvimento de seus filhos.
Eles
fazem isso porque são pagos para fazer? Não... Fazem isso por amor!
Ora,
que outras qualidades poderíamos esperar de um bom professor do que
essas: habilidade natural para ensinar, conhecimento do aluno e de
seu contexto e comprometimento efetivo com o aprendizado e o
desenvolvimento do educando?
Diante
de tudo isso, não me resta nada além de afirmar: os
pais, não somente podem ser professores como, efetivamente, são
os melhores professores.
Necessário entender aqui, que o amor não exige diplomas, nem cursos ou habilidades técnicas...
ResponderExcluirO amor é doar-se...Pais sabem bem na prática o que é isso e o seu preço.
Mesmo que os filhos não entendam o real valor dessa modalidade de instrução...os pais sabem e vão se aperfeiçoando enquanto ensinam e aprendem.
É uma experiência formadora!!!!
Gasta-se muito dinheiro para a aquisição de diplomas...enquanto o AMOR, o interesse pelos filhos, estão dentro de mim...de você como pai/mãe...
ResponderExcluirEnquanto a educação que se diz "primitiva" era feita pelos pais ou por professores que amavam a "profissão", tínhamos apreço pela "educação".
Hoje, o que vemos são técnicos que (por causa de um diploma ou de um concurso) podem "instruir",mas não "formar"...